Todo dia de manhã a rotina insiste em puxar
os meus lençóis.
Lava o meu rosto, as marcas que carrego,
e me desperta para mais um dia.
As ruas são como céus estrelados
e cada pessoa carrega uma galáxia particular.
Passos firmes e apressados cruzam as esquinas,
e mentes conturbadas esbanjam feição de cansaço.
Uma voz uníssona percorre as cidades, os bairros,
e adentra nas residências.
A mesma voz ecoa em meus ouvidos, e o meu olhar
acompanha os ponteiros do relógio preso no pulso.
As desventuras são imprevisíveis e amargas.
Mas a resistência sobre elas tem um gosto insano de alívio.
A rotina só não consegue deixar os meus dias iguais
porque as nuvens têm formas diferentes.
Todo dia quando o sol se acanha e a noite se revela,
a rotina insiste em me levar de volta pra casa.
Lava o meu rosto, as novas marcas estampadas,
e me cobre com lençóis amarrotados.
O cotidiano não está nas buzinas dos carros, nos anúncios de
outdoors, nem mesmo nos anseios de nossa alma.
O cotidiano está além dos adornos.
O cotidiano está em nós.
Dalyla Peçanha
Dalyla Peçanha
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