sábado, 28 de novembro de 2015

Antecanto do Pescador

Fotografia: Leonardo Merçon

Ah, pescador...
Esses teus olhos atemorizados refletem o alaranjado do rio morto.
Refletem o egoísmo e a ganância dos homens engravatados e insaciados
de poder.

Ah, pescador...
Se eles soubessem quão grande é a sua dor,
quão grande é o seu pavor
quão grande é o seu temor.

Ah, pescador...
Eles mal entendem que dinheiro não se come,
que os peixes não vivem fora d'agua,
que a família precisa ser sustentada.

Ah, pescador...
Sua alma grita num tom contínuo e estridente.
Quem dera se essa gente, aprendesse a cuidar.
O laranja do rio consegue ser mais vivo do que
essas pessoas que só pensam no existir.

Dalyla Peçanha

2 comentários:

  1. Ah, pescador, você é quem mais sofre, mais sente...
    Que seus descendentes não cheguem a conhecer essa lama...

    Parabéns, Dalyla! Lindo poema!

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